Nottingham Guardian - Tribunal suspende evacuação de bairro pobre da ilha francesa de Mayotte

Tribunal suspende evacuação de bairro pobre da ilha francesa de Mayotte
Tribunal suspende evacuação de bairro pobre da ilha francesa de Mayotte / foto: Morgan Fache - AFP

Tribunal suspende evacuação de bairro pobre da ilha francesa de Mayotte

Um tribunal suspendeu a evacuação de um bairro pobre de Mayotte marcada para esta terça-feira (25) como parte de uma operação contra o crime e as moradias insalubres neste território do Oceano Índico, onde a França lançou uma ofensiva contra a imigração irregular.

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A operação de retirada do bairro, localizado na periferia da capital Mamoudzou, foi suspensa depois que a Justiça constatou a existência de uma via de fato devido às condições de despejo consideradas "irregulares" pelas pessoas contrárias à expulsão.

Pouco depois do horário previsto para a expulsão foram registrados confrontos entre jovens moradores e a polícia, constatou a AFP.

As mais de 100 famílias de "Talus 2", localizado em Koungou, preparavam seus pertences pessoais para deixar o local, e receberam com satisfação a decisão judicial.

"Estou muito feliz. Entramos na justiça e ganhamos. Nada será destruído", disse Mdohoma Hadja, morador de 33 anos.

A prefeitura de Mayotte disse à AFP que vai recorrer da decisão.

A decisão representa o segundo revés das autoridades francesas, depois das Comores se recusarem a receber migrantes irregulares expulsos deste território francês.

Como parte da operação "Wuambushu" (recuperação, em maore), a França mobilizou quase 1.800 policiais e gendarmes para expulsar migrantes e destruir barracos em Mayotte.

Mayotte registra todo ano a chegada de milhares de migrantes em embarcações improvisadas, chamadas de "kwassa kwassa", procedentes das Comores e da região africana dos Grandes Lagos e de Madagascar.

Mayotte, onde 77% da população vive abaixo da linha da pobreza, tem cerca de 350.000 habitantes e quase metade não tem nacionalidade francesa, segundo a agência de estatísticas Insee.

Um terço desses migrantes, que vivem em bairros insalubres chamados "bangas", também nasceu neste arquipélago de tamanho semelhante ao Estado insular antilhano de São Vicente e Granadinas.

A população acusa-os da situação de insegurança e de desequilibrar os poucos recursos do arquipélago.

As associações de defesa dos direitos humanos expressaram preocupação com esta operação.

H.Davenport--NG