Nottingham Guardian - Arévalo sofre revés contra autoridades que acusa de tramar um 'golpe' na Guatemala

Arévalo sofre revés contra autoridades que acusa de tramar um 'golpe' na Guatemala
Arévalo sofre revés contra autoridades que acusa de tramar um 'golpe' na Guatemala / foto: Johan ORDONEZ - AFP

Arévalo sofre revés contra autoridades que acusa de tramar um 'golpe' na Guatemala

A Suprema Corte de Justiça da Guatemala rejeitou, nesta quarta-feira (4), um recurso apresentado pelo presidente eleito, Bernardo Arévalo, contra a decisão de três funcionários judiciais que ordenaram a busca em um centro eleitoral e a abertura de urnas com votos.

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"Por maioria, a Suprema Corte de Justiça (CSJ) decidiu não decretar" o recurso de amparo apresentado por Arévalo em 13 de setembro, alegando violações à lei eleitoral, disse um juiz do alto tribunal, Leonel Marroquín.

Arévalo apresentou o recurso buscando que a Corte tomasse medidas para proteger os resultados eleitorais, pois considerou que, com a busca e a abertura das urnas, o "princípio da pureza do processo eleitoral, o direito de escolha e de ser eleito e o sigilo do voto" foram ameaçados.

O recurso, apresentado contra a procuradora-geral, Consuelo Porras; o juiz Fredy Orellana; e o chefe da Procuradoria Especial Contra a Impunidade (FECI), Rafael Curruchiche, faz parte de várias ações legais com as quais Arévalo tenta impedir o que ele considera um plano de "golpe de Estado" para evitar que ele assuma o poder em 14 de janeiro.

Com a aprovação dos promotores e do juiz, funcionários do Ministério Público (MP) realizaram em 12 de setembro a busca no Centro de Operações do Processo Eleitoral (Cope) e abriram várias urnas com votos emitidos no primeiro turno em junho passado.

Os três funcionários judiciais lançaram uma campanha contra os resultados das eleições gerais, contra o partido Semilla (Semente) de Arévalo e contra os magistrados do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE).

Arévalo, de 64 anos, surpreendentemente venceu o segundo turno eleitoral em 20 de agosto para assumir a presidência de um país assolado pela corrupção desenfreada, impunidade, violência de gangues e pobreza.

Ele venceu a ex-primeira-dama Sandra Torres, próxima ao governo e à poderosa elite empresarial aliada ao governo, que, segundo analistas, está alarmada com a promessa de Arévalo de combater a corrupção.

- Sem "solução para a crise" -

O presidente eleito buscava "garantir a pureza do processo eleitoral, proteger a declaração dos resultados, especialmente proteger o material eleitoral", afirmou à AFP o jurista Edie Cux, diretor da ONG Acción Ciudadana (Ação Cidadã), braço local da Transparência Internacional.

Cux considerou que com a negação do amparo "a Suprema Corte não garante os direitos violados, não oferece solução nem segurança jurídica na proteção dos direitos constitucionais do voto e dos resultados eleitorais".

A Corte "escapa da responsabilidade de continuar com o processo, não oferece uma solução para toda a crise que está sendo gerada por essa violação cometida pelo Ministério Público ao violar o material eleitoral", enfatizou.

Pela terceira vez consecutiva, indígenas bloquearam várias estradas na Guatemala nesta quarta-feira para exigir a renúncia de Porras, a quem acusam de liderar o suposto golpe de Estado.

Os bloqueios começaram na segunda-feira, depois que a sede do tribunal eleitoral foi revistada para a apreensão de atas eleitorais.

"O que vejo agora parece um golpe de Estado em câmera lenta", disse Arévalo na terça-feira, em inglês, durante um fórum não partidário no Wilson Center, em Washington.

As ações de Porras, Orellana e Curruchiche, incluídos numa lista de "atores corruptos" e antidemocráticos dos Estados Unidos, têm provocado preocupação e rejeição internacional.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia (UE) e organizações internacionais alertaram que a democracia e a governabilidade da Guatemala estão sendo ameaçadas.

O presidente eleito é filho de Juan José Arévalo, primeiro presidente democrático da Guatemala (1945-1951).

W.Murphy--NG