

Esperança de encontrar sobreviventes diminui em Mianmar três dias após terremoto
A esperança de encontrar sobreviventes entre os escombros diminuiu consideravelmente nesta segunda-feira (31), três dias após o forte terremoto que matou pelo menos 1.700 pessoas em Mianmar e na vizinha Tailândia.
Especialistas temem um número muito mais elevado de mortos em Mianmar, apesar da mobilização da comunidade internacional para ajudar este país dizimado pela guerra civil que carece de recursos para enfrentar a magnitude dos danos.
Em Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, situada perto do epicentro, alguns habitantes passaram uma terceira noite desabrigados. Muitos dormiram no meio das estradas, o mais longe possível dos prédios.
Os esforços de resgate diminuíram de intensidade nesta cidade da região central de Mianmar, com mais de 1,7 milhão de habitantes, em meio a condições difíceis e com temperaturas próximas a 40ºC.
O calor intenso acelera a decomposição de corpos, o que pode complicar a identificação.
A junta militar birmanesa declarou uma semana de luto nacional e anunciou que as bandeiras birmanesas permanecerão hasteadas a meio mastro "em sinal de compaixão pela perda de vidas e pelos danos causados pelo terremoto violento".
Uma cena de desespero foi registrada nos escombros de um prédio de apartamentos na noite de domingo em Mandalay, quando os socorristas acreditaram ter resgatado com vida uma mulher grávida que passou mais de 55 horas entre os destroços.
A mulher teve uma perna amputada para ser libertada das pilhas de escombros, mas depois de ser retirada foi declarada morta.
"Tentamos fazer todo o possível para salvá-la", comentou um integrante das equipes de resgate. Ele explicou que a vítima perdeu muito sangue devido à amputação.
Os fiéis muçulmanos se reuniram nesta segunda-feira perto de uma mesquita destruída na cidade para a primeira oração do Eid al-Fitr, a festa que é celebrada após o mês de jejum muçulmano do Ramadã.
Centenas de funerais estão programados para as próximas horas.
O terremoto inicial de magnitude 7,7 foi registrado na tarde de sexta-feira (28) perto de Mandalay, seguido por um tremor secundário, minutos depois, de magnitude 6,7.
Os tremores provocaram o desabamento de edifícios, derrubaram pontes e bloquearam estradas no centro de Mianmar.
- Pânico -
Ao longo do fim de semana, tremores secundários foram registrados em Mandalay, onde os moradores correram para as ruas em pânico.
A Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) fez um apelo de emergência no domingo para pedir mais de 100 milhões de dólares (576 milhões de reais) para ajudar as vítimas.
Segundo a IFRC, as necessidades aumentam a cada hora, enquanto o calor e a proximidade da temporada de chuvas aumentam o risco de "crises secundárias".
O país do sudeste asiático, com mais de 50 milhões de habitantes, já enfrentava enormes desafios antes do terremoto.
Mianmar foi devastada por quatro anos de guerra civil após o golpe militar de 2021. Mesmo após o terremoto, combates esporádicos foram relatados. Um grupo rebelde afirmou no domingo à AFP que sete combatentes morreram em um bombardeio pouco antes dos tremores.
A guerra civil provocou o deslocamento de quase 3,5 milhões de pessoas e muitas delas estão à beira da fome.
- Bangcoc -
Na capital tailandesa, Bangcoc, a quase 1.000 km de Mandalay, as operações para encontrar sobreviventes prosseguem na área em que um edifício em construção de 30 andares desabou após o terremoto de sexta-feira.
Ao menos 18 pessoas morreram na megalópole tailandesa. Além disso, 33 ficaram feridas e 78 são consideradas desaparecidas, segundo as autoridades da cidade.
A maioria dos mortos no arranha-céu em construção eram operários e vários desaparecidos são pessoas presas na pilha de escombros.
Os socorristas trabalharam contra o tempo no fim de semana em busca de sobreviventes, utilizando escavadoras mecânicas para remover os escombros, enquanto as famílias aguardavam notícias de seus parentes.
Cães farejadores e drones com imagens térmicas procuravam sinais de vida no edifício destruído, que fica perto do mercado Chatuchak, um local muito visitado por turistas.
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A.C.Netterville--NG