

Ex-primeira-dama do Peru chega ao Brasil após condenação por lavagem de dinheiro
A ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada a 15 anos de prisão em seu país por lavagem de dinheiro, chegou ao Brasil nesta quarta-feira (16), após receber asilo do governo, informou o Itamaraty.
A Justiça peruana condenou ontem Nadine e seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, por receberem contribuições ilegais da construtora brasileira Odebrecht e do governo venezuelano em duas campanhas presidenciais. Humala ficou preso.
Nadine, 48, viajou com o filho mais novo para o Brasil, procedente de Lima, informou o Itamaraty. Segundo uma fonte diplomática, ela chegou a Brasília em um voo da Força Aérea brasileira. Durante a noite, eles foram levados em um avião comercial para São Paulo.
A ex-primeira-dama peruana e o filho "obtiveram a concessão de asilo diplomático" e "passarão, agora, pelos procedimentos necessários para sua regularização migratória no Brasil", informou o Itamaraty.
O governo brasileiro declarou que concedeu a proteção com base na Convenção de Asilo Diplomático de 1954.
Segundo a imprensa brasileira, Nadine já havia solicitado viajar ao Brasil para tratar um problema de saúde, mas o pedido foi negado pela Justiça peruana na época.
Leonardo Massud, um dos advogados de Humala no Brasil, disse em comunicado que outro pedido para viajar à Colômbia por motivos de saúde também foi negado em julho passado.
A chancelaria peruana informou na terça-feira que Nadine entrou na embaixada do Brasil para pedir asilo e que, após gestões com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi concedido salvo-conduto a ela e ao filho menor para viajar a Brasília.
Horas antes, a juíza de primeira instância Nayko Coronado havia condenado Nadine a 15 anos de prisão por lavagem de ativos e ordenado sua captura, pois ela não compareceu à leitura da sentença.
Ollanta Humala, um ex-tenente-coronel de centro-esquerda que governou o Peru entre 2011 e 2016, foi detido na sala de audiências após a leitura da sentença, que pôs fim a um julgamento de mais de três anos.
Os promotores peruanos acusaram Humala e a esposa de lavagem de dinheiro por supostamente ocultarem o fato de que receberam três milhões de dólares (5,62 milhões de reais na época) da Odebrecht para sua campanha presidencial de 2011.
Segundo a acusação, durante sua candidatura fracassada de 2006, o casal também teria desviado aproximadamente 200 mil dólares (427 mil dólares na cotação da época) enviados pelo então presidente venezuelano Hugo Chávez por uma empresa de seu país.
O casal sempre negou, durante o julgamento, ter recebido dinheiro de Chávez ou de alguma empresa brasileira.
A.MacCodrum--NG