França quer restrição a produtos de áreas desmatadas no acordo UE-Mercosul
A negociação para um acordo comercial entre União Europeia (UE) e Mercosul deve levar em consideração a lei contra a importação de produtos de áreas desmatadas aprovada pelo Parlamento Europeu na quarta-feira (19) – afirmou a França nesta quinta (20).
“Todos os acordos comerciais da União Europeia devem levar em consideração o respeito das normas ambientais que aplicamos, o que será um dos pontos de discussão”, disse a porta-voz do Ministério francês das Relações Exteriores, Anne-Claire, em entrevista coletiva.
Ontem, o Parlamento Europeu aprovou, por ampla maioria, uma lei que proíbe a importação de produtos derivados da pecuária e da agricultura procedentes de terras desmatadas, como cacau, café, madeira, borracha e soja.
O Conselho da UE, instituição que representa os 27 países-membros do bloco, deve agora aprová-la para que possa entrar em vigor.
A União Europeia e o bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai estão em plena negociação para chegar a um acordo comercial entre seus países-membros.
Em 2019, alcançou-se um acordo político após mais de 20 anos de complexas negociações, mas este não foi concluído pelos temores em relação à política ambiental do então presidente Jair Bolsonaro, defensor da exploração econômica e mineradora da Amazônia.
O tom mudou com a posse, em janeiro deste ano, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No momento, os dois blocos discutem como incluir a questão climática no acordo negociado, como exige a UE.
"Não é possível um acordo com os países latino-americanos (...) se não respeitarem as mesmas restrições ambientais e sanitárias" que a UE, declarou em fevereiro o presidente francês, Emmanuel Macron, bastante pressionado pelo setor agrícola do país contra esta negociação.
A porta-voz do ministério mostrou o apoio da França aos “compromissos extremamente ambiciosos para inverter a rápida dinâmica do desmatamento”, por parte do novo governo brasileiro, que pretende acabar com esse problema ambiental até 2030.
K.Cairstiona--NG