Yanomami morre baleado por garimpeiros em comunidade indígena
Ao menos um indígena morreu e outros dois ficaram gravemente feridos após um ataque a tiros realizado por garimpeiros dentro do território Yanomami, em Roraima, informou neste domingo o governo.
"Com muito pesar soubemos do ataque a tiros de garimpeiros contra três indígenas Yanomami, um veio a óbito e os outros dois estão sob atendimento em estado grave", informou o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em sua conta oficial no Instagram.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva lançou em fevereiro uma operação em conjunto com as Forças Armadas e policiais para expulsar milhares de garimpeiros que ocupam ilegalmente a reserva indígena Yanomami na Amazônia, perto da fronteira com a Venezuela, onde os invasores em busca de ouro são acusados de desencadear um crise humanitária.
O MPI informou que uma comitiva "interministerial" está a caminho de Roraima "para reforçar ainda mais as ações de desintrusão dos criminosos" e pediu uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre o caso.
O ataque ocorreu no sábado (29) à tarde e o indígena falecido, baleado na cabeça, tinha 36 anos, segundo o G1.
Consultada pela AFP, a PF não respondeu de imediato às perguntas sobre as circunstâncias do ataque.
"A situação de invasores na terra indígena Yanomami vem de muitos anos e mesmo com todos os esforços sendo realizados pelo Governo Federal, ainda faltam muitas ações coordenadas até a retirada de todos os invasores do território", acrescentou o MPI.
Lideranças indígenas afirmam que os garimpeiros contaminaram a água dos rios com mercúrio, destruíram a mata, estupraram e assassinaram membros de sua comunidade, além de desencadear uma crise alimentar que está devastando os 30 mil Yanomami da região.
A PF abriu em janeiro uma investigação por possível "genocídio" contra os Yanomami, após a publicação de um relatório oficial que informava a morte no ano passado de cem crianças menores de cinco anos, algumas delas por desnutrição.
Além de iniciar a operação na terra Yanomami, Lula, que voltou ao poder em janeiro, retomou nesta semana a demarcação das terras indígenas pendentes de reconhecimento, uma das principais reivindicações dos povos indígenas. O tema ficou paralisado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
H.Davenport--NG