CIDH denuncia possível execução e 'massacre' de manifestantes no Peru
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou, nesta quarta-feira (3), a possível execução e massacre de manifestantes durante a repressão aos protestos contra a presidente do Peru, Dina Boluarte, que deixaram 50 mortos entre dezembro e fevereiro.
O organismo da Organização dos Estados Americanos (OEA) apresentou um relatório após a visita de uma representação ao país sul-americano no início do ano, no qual aponta os agentes do Estado por sua suposta responsabilidade em "múltiplas" mortes de civis e pede à justiça peruana que "investigue, julgue e puna" os responsáveis.
A resposta dos agentes de segurança "não foi uniforme em todo o território nacional e houve graves episódios de uso excessivo da força em casos específicos", afirmou a CIDH.
Nesse sentido, detalhou o que ocorreu na cidade de Ayacucho (sul), onde morreram 10 manifestantes, oito deles durante a tentativa de tomada do aeroporto local em 15 de dezembro.
"Ao se tratar de múltiplas privações do direito à vida, dadas as circunstâncias de modo, tempo e lugar, [as mortes] poderiam ser qualificadas como um massacre", indicou a Comissão.
Segundo a CIDH, "por serem perpetradas por agentes do Estado, as mortes poderiam constituir execuções extrajudiciais".
As vítimas receberam "impactos de armas de fogo, incluindo balas de borracha, na parte superior do corpo".
Também foram atingidas pessoas alheias às manifestações que começaram em 7 de dezembro, após a destituição do presidente Pedro Castillo (julho de 2021-dezembro de 2022) após sua fracassada tentativa de dissolver o Congresso e governar por decreto.
Boluarte, até então sua vice-presidente, assumiu o poder em meio às marchas de apoiadores de Castillo que exigiam sua renúncia e eleições antecipadas.
Castillo, de 53 anos, cumpre prisão preventiva em Lima, à espera da decisão da justiça sobre seu eventual chamado a julgamento.
Em janeiro, o Ministério Público abriu uma investigação sobre a gestão da presidente Boluarte, de 60 anos, e de outros altos funcionários pelos supostos crimes de "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves".
No entanto, a governante tem imunidade até o fim de seu mandato, em julho de 2026.
M.Sutherland--NG