Nottingham Guardian - Regras mais duras começam a desestimular migrações na fronteira EUA-México

Regras mais duras começam a desestimular migrações na fronteira EUA-México
Regras mais duras começam a desestimular migrações na fronteira EUA-México / foto: ALFREDO ESTRELLA - AFP

Regras mais duras começam a desestimular migrações na fronteira EUA-México

O enrijecimento das regras na fronteira entre México e Estados Unidos começa a forçar muitos migrantes a optarem por vias legais para migrar.

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Embora a medida Título 42 tenha sido invocada para executar 2,8 milhões de expulsões de migrantes para o México, agora, com a Título 8, que permanece em vigor, eles ainda podem ser devolvidos para seus países de origem e ficar impedidos de solicitar asilo. Se forem presos, também estarão proibidos de voltar por um período de cinco anos e podem ser penalizados.

Para tratar da questão, o governo dos Estados Unidos disponibilizou o aplicativo CBP One, que deve ser usado para marcar uma consulta e demonstrar a necessidade de asilo. O aplicativo está sobrecarregado, apesar de Washington ter prometido aumentar o número de consultas diárias para 1.000.

"A fronteira não está aberta", repetem membros da Casa Branca.

O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, afirma que o fluxo de pessoas para a fronteira "está diminuindo".

"Não tivemos confrontos nem situações de violência", disse o chanceler em entrevista coletiva na sexta-feira, em contraste com as previsões do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre uma situação "caótica" transitória.

A crise migratória é um assunto delicado para o democrata Biden, que buscará a reeleição em 2024, e um tema de campanha para seus rivais republicanos.

- Bloqueio mexicano -

O menor deslocamento de migrantes coincide com a decisão do México de "não conceder" documentos para transitar pelo país, segundo Ebrard.

Esses papéis permitiam que os migrantes se deslocassem do sul do México para a fronteira norte.

Embora o governo não tenha especificado quando iniciou a medida, uma colaboradora da AFP no estado de Chiapas verificou que, na quinta-feira, um centro de emissão desse tipo de documento foi fechado na cidade de Tapachula, fronteira com a Guatemala.

Cerca de mil pessoas estavam na fila à espera desses papéis, quando foram informadas de que, de agora em diante, deverão solicitar refúgio, ou recorrer a outros mecanismos para regular sua estada no México.

Meses atrás, a falta de documentos tornou Tapachula um gargalo para migrantes de várias nacionalidades.

O governo da Guatemala prevê uma "situação humanitária muito difícil", pois terá de oferecer abrigo a pessoas que transitam pelo país enquanto "aguardam seu procedimento" de asilo, disse na sexta-feira o secretário presidencial de Comunicação, Kevin López.

Entre as vias legais para a migração, também há programas de reunificação familiar e permissões humanitárias para venezuelanos, haitianos, nicaraguenses e cubanos.

Em qualquer um desses casos, os migrantes devem tramitar o pedido antes de chegar aos portos de entrada. As exceções são poucas, como, por exemplo, se o asilo foi negado em um país pelo qual passaram a caminho dos Estados Unidos, se não conseguiram usar o aplicativo CBP One, ou no caso de crianças não acompanhadas.

Especialistas alertam sobre as limitações dessas medidas.

"Isso vai violentar ainda mais o processo migratório, que não vai parar enquanto não houver, nos países expulsores, condições para isso", disse à AFP Eduardo González, acadêmico do Tecnológico de Monterrey.

A situação também pode continuar a ser aproveitada por "coiotes", ou traficantes de pessoas, que transformaram a migração ilegal em um negócio milionário.

"As soluções mais cruéis produzem desordem e empoderam os traficantes", afirmou o presidente do Comitê Internacional de Resgate, David Miliband, em um comunicado.

G.Lomasney--NG