Nottingham Guardian - Trégua entre generais entra em vigor no Sudão, mas enfrentamentos continuam

Trégua entre generais entra em vigor no Sudão, mas enfrentamentos continuam
Trégua entre generais entra em vigor no Sudão, mas enfrentamentos continuam

Trégua entre generais entra em vigor no Sudão, mas enfrentamentos continuam

O cessar-fogo de uma semana estabelecido pelo Exército regular e os paramilitares que lutam pelo poder no Sudão entrou em vigor na noite desta segunda-feira (22), mas os enfrentamentos continuam.

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Ainda não está claro se esta trégua facilitará o trânsito de civis e ajuda humanitária, e se estava sendo aplicada no terreno, pois os combates, principalmente em Cartum e Darfur (oeste), normalmente são menos intensos durante a noite.

Durante todo o dia, a ONU registrou "combates e movimentos de tropas". Depois da entrada em vigor da trégua, enfrentamentos continuavam sendo registrados no nordeste de Cartum, segundo testemunhas.

Os mediadores americanos e sauditas haviam anunciado no domingo que, após duas semanas de negociações na Arábia Saudita, uma trégua de uma semana foi estipulada a partir desta segunda-feira, às 16h45 (horário de Brasília).

Ambas as partes afirmaram que querem respeitar a trégua, o que foi bem-recebido por ONU, União Africana e o bloco da África Oriental IGAD. No entanto, dezenas de tréguas foram violadas desde o início dos combates há cinco semanas.

Desta vez, Riade e Washington garantiram que haverá "um mecanismo de monitoramento do cessar-fogo" com representantes de ambos os lados e dos Estados Unidos e da Arábia Saudita.

Hussein Mohammed, que mora em Cartum, quer que o mecanismo funcione. "Desta vez, espero que os mediadores fiquem de olho nos beligerantes" e que eles sejam obrigados a cumprir o cessar-fogo. "Assim poderei levar minha mãe ao médico: ela precisa vê-lo toda semana, mas não conseguimos ir desde o dia 13 de abril", contou à AFP.

Desde 15 de abril, a guerra entre o Exército, comandado pelo general Abdel Fattah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, deixou mil mortos neste país do leste da África, um dos mais pobres do mundo, e mais de um milhão de deslocados e refugiados.

- Cartum, sem água nem eletricidade -

A infraestrutura do país também pagou um preço alto. Quase todos os hospitais de Cartum e Darfur já não podem funcionar, e os médicos denunciam que há bombardeios aéreos e de artilharia contra os centros de saúde.

A maior parte dos cinco milhões de habitantes da capital está trancada em suas casas, sem água ou eletricidade, e os grupos humanitários pedem o estabelecimento de corredores para levar mantimentos, medicamentos e combustível.

No domingo, o secretário de assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths, voltou a exigir que "o fornecimento seguro de ajuda humanitária" seja garantido, já que mais de 25 milhões dos 45 milhões de sudaneses precisam dela.

Se a guerra continuar, alertou a ONU, mais um milhão de sudaneses podem buscar refúgio nos países vizinhos.

Antes de entrarem em conflito aberto, os generais Burhan e Daglo deram juntos um golpe para derrubar os civis do poder em outubro de 2021.

Na sexta-feira, o general Burhan destituiu o general Daglo de seu posto de adjunto no Conselho de Soberania, e o substituiu por Malik Agar, um antigo rebelde. Também nomeou três de seus apoiadores mais leais para o alto comando do Exército.

No sábado, Agar anunciou que desejava "parar a guerra e sentar-se à mesa de negociações", mas colocou como condição a integração das FAR ao Exército regular, o ponto de discórdia que fez com que os generais entrassem em conflito.

H.Davenport--NG