'Não queremos imposições', disse Lula à UE antes de cúpula do Mercosul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira(4) na Argentina que não aceitará "imposições" da União Europeia para alcançar um acordo de livre comércio, e reiterou que entre "parceiros" não pode haver uma "espada na cabeça" ao dialogar.
"Queremos discutir o acordo, mas não queremos imposições", afirmou o presidente em entrevista de Puerto Iguazú à TV Brasil, pouco antes da cúpula de chefes de Estado do bloco sul-americano.
"É um acordo de companheiros, de parceiros estratégicos. Então, nada de um parceiro estratégico colocar a espada na cabeça do outro. Vamos sentar, vamos tirar as nossas diferenças", afirmou o líder de esquerda, que nesta terça-feira assume a Presidência 'pro-tempore' rotativa do Mercosul.
O Mercosul, que reúne Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, tenta concretizar um tratado de livre comércio com a UE após chegar a um acordo de princípios em 2019, após mais de duas décadas de duras negociações, sem que ainda seja ratificado.
Espera-se que o tema esteja sobre a mesa quando Lula se reunir com seu colega argentino Alberto Fernández, o uruguaio Luis Lacalle Pou e o paraguaio Mario Abdo, com as imponentes Cataratas do Iguaçu como cenário, para discutir o futuro do Mercosul.
O retorno de Lula, em janeiro, ao poder no Brasil deu um novo impulso ao diálogo com a UE, estancado durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
No entanto, uma carta adicional ao acordo apresentada em março pelos europeus, com exigências ambientais relativas ao setor agropecuário, gerou ressentimento entre os sul-americanos.
"Eles mandaram uma carta nos impondo algumas condições, nós não aceitamos a carta", disse Lula. "É inaceitável".
O presidente indicou que seu governo prepara uma contraproposta para chegar a Bruxelas, que será sede de 17 a 18 de julho de uma cúpula entre a UE e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), a primeira em oito anos. Lula não confirmou sua participação.
"Ninguém no mundo tem autoridade moral de discutir conosco a questão de energia limpa", apontou.
M.Scott--NG