Nottingham Guardian - Rússia alerta para 'riscos' no Mar Negro após fim de acordo de grãos

Rússia alerta para 'riscos' no Mar Negro após fim de acordo de grãos
Rússia alerta para 'riscos' no Mar Negro após fim de acordo de grãos / foto: - - Crimea24TV/AFP

Rússia alerta para 'riscos' no Mar Negro após fim de acordo de grãos

A Rússia alertou a Ucrânia, nesta terça-feira (18), contra sua ideia de continuar exportando grãos pelo Mar Negro e afirmou que não há mais "garantias de segurança" após o fim do acordo de um ano que permitia o transporte de cereais por esta rota.

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"Na ausência de garantias de segurança adequadas, há alguns riscos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Ele enfatizou que, se "algo for preparado sem a Rússia, esses riscos devem ser levados em consideração".

O porta-voz respondeu assim a uma pergunta sobre a vontade declarada da Ucrânia de continuar exportando seus grãos através do Mar Negro, com ou sem o acordo de Moscou sobre a segurança dos navios.

Ao enfatizar a posição do Kremlin, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse a seu colega turco, Hakan Fidan, que o fim do acordo significava "a retirada das garantias de segurança da navegação", o que torna novamente o noroeste do Mar Negro, por onde circulavam os cargueiros, "uma área provisoriamente perigosa".

Na segunda-feira, a Rússia indicou sua rejeição ao prolongamento do acordo de exportação de grãos ucranianos, assinado em julho de 2022 com mediação de ONU e Turquia, e prorrogado várias vezes posteriormente.

A título de argumento, Moscou denunciou que sua exigência de retirada dos obstáculos à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos não estava sendo atendida.

Nesta terça-feira, Peskov também acusou a Ucrânia de usar o corredor marítimo aberto no Mar Negro sob o acordo de grãos com "fins militares", um dia depois de Kiev ter atacado a ponte estratégica que liga o território russo à península anexada da Crimeia.

- Ataques em represália -

Em retaliação, o Ministério da Defesa russo disse, nesta terça-feira, que destruiu com mísseis "as instalações onde foram preparados atos terroristas contra a Rússia", assim como o local de fabricação dos drones navais usados no ataque à ponte.

Antes do amanhecer, seis mísseis Kalibr e 21 drones explosivos Shahed-136 de fabricação iraniana lançados pela Rússia contra Odessa (sul) foram "destruídos" pela defesa antiaérea ucraniana, afirmou o governador da província, Oleh Kiper, no Telegram.

"Infelizmente, os destroços dos mísseis derrubados e a onda expansiva da derrubada danificaram a infraestrutura portuária e várias residências particulares", disse ele, sem especificar a extensão dos danos.

Segundo a Força Aérea ucraniana, 31 drones foram derrubados em todo o país, dos 36 que a Rússia lançou durante a noite.

O oblast (província) de Odessa, às margens do Mar Negro, abriga os principais terminais marítimos para o acordo de exportação de grãos ucranianos entre Kiev e Moscou, que expirou às 18h00 de segunda-feira, no horário de Brasília.

Esse pacto permitiu a exportação de mais de 32 toneladas de grãos ucranianos no ano passado, principalmente milho e trigo. Isso ajudou a estabilizar os preços mundiais dos alimentos e a prevenir o risco de desabastecimento.

Ontem, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que, "mesmo sem a Rússia, é preciso fazer o possível para que possamos utilizar esse corredor [para as exportações] no Mar Negro". "Não temos medo", frisou.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que milhões de pessoas terão que "pagar o preço" da decisão da Rússia, que, segundo ele, "afetará as pessoas mais pobres em todo o mundo".

Nesse mesmo sentido, a União Africana (UA) "lamentou" hoje a decisão russa e lembrou que a organização regional "apoiou" o acordo "desde o início".

Na frente de batalha, o Exército russo anunciou, nesta terça-feira, que avançou 1,5 quilômetro durante "operações ofensivas" perto de Kupiansk, no nordeste da Ucrânia, área onde Kiev constatou uma concentração de tropas russas.

O comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandr Sirski, afirmou nesta terça que a situação é "difícil", mas está "sob controle" no leste da Ucrânia.

Por sua vez, o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior conjunto dos Estados Unidos, garantiu hoje que as forças de Kiev estão se deparando com posições russas reforçadas com minas e trincheiras, mas que "estão abrindo passagem de forma lenta, deliberada e constante através de todos estes campos minados, e é uma luta difícil".

Por outro lado, na ponte da Crimeia, "a circulação de veículos foi restabelecida no sentido contrário" em uma de suas faixas, informou o vice-primeiro-ministro russo, Marat Khusnullin.

Na segunda-feira, uma fonte do serviço de segurança ucraniano (SBU) disse à AFP que o ataque à ponte, que matou dois civis, foi obra da Marinha e do serviço secreto ucraniano, com ajuda de drones navais.

A.MacCodrum--NG