Nottingham Guardian - Ucrânia aplica restrições ao consumo de energia após intenso ataque russo

Ucrânia aplica restrições ao consumo de energia após intenso ataque russo
Ucrânia aplica restrições ao consumo de energia após intenso ataque russo / foto: Handout - UKRAINIAN EMERGENCY SERVICE/AFP

Ucrânia aplica restrições ao consumo de energia após intenso ataque russo

A Ucrânia aplicará, na segunda-feira(18), restrições emergenciais ao consumo de energia, devido aos bombardeios russos que danificaram severamente a infraestrutura energética e deixaram ao menos nove mortos e cerca de 20 feridos.

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"Um ataque maciço combinado teve como alvo todas as regiões da Ucrânia e nossas infraestruturas de energia", disse o presidente ucraniano Volodimir Zelensky. Ele informou que a Rússia lançou 120 mísseis e 90 drones.

"Foi uma noite e infernal", declarou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat, acrescentando que 144 drones ou projéteis russos foram interceptados.

O chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sibiga, classificou o ataque como "um dos maiores" executados por Moscou desde o início da invasão em fevereiro de 2022.

Na segunda-feira, "todas as regiões serão obrigadas a aplicar medidas de restrição ao consumo", devido aos "danos causados às instalações elétricas", indicou o Ministério de Energia.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que atingiu todos os alvos em um enorme ataque contra "infraestruturas de energia essenciais de apoio ao complexo militar-industrial ucraniano".

A Rússia destruiu metade da capacidade energética da Ucrânia com os ataques de drones e mísseis em quase três anos de ofensiva, segundo Kiev.

A operadora de energia ucraniana, DTEK, relatou "danos graves" em algumas centrais termelétricas.

A DTEK afirmou que este é o oitavo grande ataque contra suas centrais de energio início do ano.

A Ucrânia pede ajuda aos aliados ocidentais para reconstruir a rede elétrica, um projeto que exige grandes investimentos, e mais equipamentos de defesa aérea para contra-atacar os bombardeios russos.

- Ao menos nove mortos -

A onda de ataques deixou pelo menos nove mortos e 20 feridos. Dois funcionários do grupo ferroviário público Ukrzaliznytsia faleceram no bombardeio que atingiu um depósito e três ficaram feridos, anunciou a empresa.

Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em um ataque com mísseis contra a região de Lviv, no oeste, informaram as autoridades locais.

No sul, duas pessoas morreram em Odessa e uma em Kherson. Um ataque com drone matou duas pessoas e feriu outras sete, incluindo duas crianças, em Mykolaiv, informou o serviço de emergência.

Outros ataques deixaram feridos em várias cidades, incluindo a capital Kiev, Zaporizhzhia (sul) e Dnipro (leste).

Do lado russo, uma jornalista, Yulia Kuznetsova, morreu em um ataque de drone ucraniano na região de Kursk, segundo o governador Alexei Smirnov.

A região foi atacada no início de agosto pelo Exército ucraniano, que ainda controla uma pequena parte dela.

Na região russa de Belgorod, também na fronteira com a Ucrânia, um civil morreu em outro ataque ucraniano com drones, informaram as autoridades locais.

- Polônia envia aviões de combate -

A Polônia, que integra a Otan e faz fronteira com a Ucrânia, anunciou neste domingo que mobilizou caças e "todas as forças e recursos disponíveis" para proteger seu território durante o ataque noturno russo à Ucrânia.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores afirmou que os ataques são "a verdadeira resposta" do presidente russo, Vladimir Putin, aos líderes mundiais "que ligaram ou o visitaram" recentemente.

O governo da Ucrânia expressou grande irritação na sexta-feira com uma conversa telefônica entre o chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz, e Putin, a primeira desde dezembro de 2022.

Muito criticado pela conversa, Scholz reiterou neste domingo seu apoio à Ucrânia e afirmou que "nenhuma decisão" será tomada sem a participação de Kiev.

Falar com Putin equivale a "abrir a caixa de Pandora", afirmou o presidente ucraniano.

Antes da conversa com Scholz, Putin recebeu vários líderes mundiais em uma reunião de cúpula dos Brics.

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou no domingo que "Putin não quer a paz" na Ucrânia e não está pronto para negociar.

A recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou a retomada do debate sobre possíveis negociações com Moscou. Kiev teme ser obrigada a aceitar concessões.

Trump criticou em várias ocasiões a ajuda de seu país à Ucrânia e afirmou que seria capaz de resolver o conflito em "24 horas", mas sem revelar como.

Zelensky, que por muito tempo descartou a opção, afirmou no sábado que deseja acabar com a guerra em seu país em 2025 por "meios diplomáticos".

Contudo, as posições russa e ucraniana são opostas: Kiev descarta ceder os territórios ocupados pelo Exército russo, mas Moscou afirma que esta é uma condição inegociável.

O.Somerville--NG