Nottingham Guardian - Kremlin diz que grande parte da Ucrânia 'quer ser russa' após comentário de Trump

Kremlin diz que grande parte da Ucrânia 'quer ser russa' após comentário de Trump
Kremlin diz que grande parte da Ucrânia 'quer ser russa' após comentário de Trump / foto: Rebecca Droke, John Thys - AFP/Arquivos

Kremlin diz que grande parte da Ucrânia 'quer ser russa' após comentário de Trump

O Kremlin afirmou nesta terça-feira (11) que "uma parte significativa" da Ucrânia "quer ser russa", horas depois da sugestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a Ucrânia pode ser russa "algum dia".

Tamanho do texto:

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que a situação na Ucrânia "corresponde em grande medida às palavras do presidente Trump".

"O fato de que uma parte significativa da Ucrânia quer ser russa, e que já é russa, é uma realidade", declarou Peskov.

O porta-voz fez referência a quatro regiões ucranianas - Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia - cuja anexação é reivindicada por Moscou desde o final de 2022, após referendos não reconhecidos por nenhum país. Atualmente, o Kremlin controla praticamente toda a região de Lugansk, mas ocupa apenas uma parte das outras três.

Algumas horas antes, Trump sugeriu que a Ucrânia poderia ser russa "algum dia", justamente na semana em que está prevista uma reunião de seu vice-presidente, J. D. Vance, com o chefe de Estado ucraniano, Volodimir Zelensky.

Trump apresentou a ideia em uma entrevista ao canal conservador americano Fox News exibida na segunda-feira.

"Eles podem fazer um acordo, eles podem não fazer um acordo. Eles podem ser russos algum dia ou eles podem não ser russos algum dia", afirmou.

O republicano chegou à Casa Branca com a promessa de acabar rapidamente com o conflito entre Rússia e Ucrânia, que se aproxima do terceiro aniversário, e criticando a grande ajuda militar e financeira enviada a Kiev por seu antecessor Joe Biden.

O discurso gera inquietação entre as autoridades ucranianas, que temem ser forçadas a aceitar uma proposta de paz desfavorável a seus interesses.

Trump também insistiu que os Estados Unidos devem recuperar a ajuda prestada a Kiev e sugeriu uma troca pelos recursos naturais desse país, especialmente as terras raras.

"Vamos ter todo esse dinheiro lá. E eu digo que o quero de volta. Eu falei para eles que eu quero o equivalente, tipo 500 bilhões de dólares (2,8 bilhões de reais) em terras raras", disse o presidente americano.

"E eles essencialmente concordaram em fazer isso, então pelo menos não nos sentimos estúpidos", acrescentou.

- Reunião Zelensky-Vance -

Trump também confirmou na segunda-feira a viagem à Ucrânia de seu enviado especial Keith Kellogg, a quem solicitou o esboço de uma proposta para interromper o conflito.

Segundo uma fonte do gabinete da presidência de Kiev, a visita acontecerá em 20 de fevereiro, quatro dias antes do terceiro aniversário do início da invasão russa.

Antes, na sexta-feira 14 de fevereiro, o presidente ucraniano se reunirá com o vice-presidente americano em uma conferência de segurança em Munique, na Alemanha.

Embora nos últimos meses tenha se mostrado mais aberto a negociar com Moscou, Zelensky insistiu na segunda-feira que qualquer acordo deve representar uma "paz real e medidas de segurança efetivas" para a Ucrânia.

"Segurança para a população, segurança para o nosso Estado, segurança para as nossas relações econômicas e, claro, para a sustentabilidade dos nossos recursos: não apenas para a Ucrânia, mas para todo o mundo livre", disse.

"Tudo isso está sendo decidido agora", afirmou em um vídeo publicado em suas redes sociais.

Trump insiste que deseja terminar a guerra o mais rápido possível, mas não apresentou um plano para aproximar as posições distantes de Moscou e Kiev.

O presidente americano também declarou na semana passada que "provavelmente" se reunirá com seu homólogo ucraniano nos próximos dias, mas descartou uma viagem a Kiev.

Zelensky confirmou que um encontro está sendo preparado, mas ainda não há uma data definida.

Diante do atual panorama, Ucrânia e Rússia intensificaram os ataques nos últimos meses para reforçar suas posições antes de uma eventual negociação de paz.

No campo de batalha, no entanto, são as tropas russas, mais numerosas e melhor equipadas, que têm a iniciativa, em particular na frente leste, onde capturaram várias localidades.

Nesta terça-feira, o Ministério da Energia ucraniano anunciou várias ações russas contra o setor elétrico e a infraestrutura de gás do país.

"Para minimizar as possíveis consequências para o sistema energético, o operador do sistema de transmissão está aplicando restrições de emergência ao fornecimento de energia elétrica", afirmou.

burs-vl-jc/jgc/dhc/dbh/mas/fp

T.M.Kelly--NG