Nottingham Guardian - Bolsonaro, nas mãos do STF após ser acusado por tentativa de golpe

Bolsonaro, nas mãos do STF após ser acusado por tentativa de golpe
Bolsonaro, nas mãos do STF após ser acusado por tentativa de golpe / foto: NELSON ALMEIDA - AFP/Arquivos

Bolsonaro, nas mãos do STF após ser acusado por tentativa de golpe

O Supremo Tribunal Federal analisará se vai julgar o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, acusado na terça-feira(18) de tentativa de golpe de Estado em 2022, um anúncio que agitou o país.

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A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou a denúncia contra Bolsonaro e 33 colaboradores, entre eles ex-ministros e militares de alta patente, por incitação e execução de atos contra o Estado de Direito.

Também acusou o ex-presidente, líder da oposição de direita, de liderar uma organização criminosa, que também cogitou um plano para matar o atual presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-chefe de Estado (2019-2022), de 69 anos, foi acusado principalmente de "golpe de Estado", "tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito" e "organização criminosa armada" para impedir que Lula tomasse posse após as eleições no final de 2022.

Se for considerado culpado desses crimes, poderá pegar até 40 anos de prisão, segundo o Código Penal.

Até o momento, não houve reação às acusações por parte do governo do presidente Lula, que receberá o primeiro-ministro português Luis Montenegro no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quarta-feira.

Os advogados de defesa do ex-presidente expressaram seu "espanto" e "indignação" com uma "denúncia inepta": "Nenhum elemento que conectasse minimamente o presidente à narrativa construída na denúncia, foi encontrado", disseram seus advogados em um comunicado.

Bolsonaro, que nega as acusações e se considera "perseguido" pela Justiça, havia se antecipado ao anúncio na terça-feira, declarando em Brasília que não tinha "nenhuma preocupação" com a possibilidade de ser indiciado.

O político de extrema direita está inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Mas ele espera mudar a situação e concorrer nas eleições de 2026, com a ajuda, segundo ele, de seu aliado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

- O ataque, a "última tentativa" -

Entre os acusados estão também o ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Bolsonaro, Walter Braga Netto; O ex-diretor de inteligência Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Santos, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e Mauro Cid, ex-braço direito do ex-presidente, que firmou um acordo de colaboração premiada.

Segundo a Procuradoria, o objetivo da organização era tentar impedir, de forma coordenada, que o resultado das eleições presidenciais de 2022 fosse cumprido.

Especificamente, Bolsonaro teria discutido a elaboração de um decreto justificando a necessidade de um "estado de defesa" para avaliar a validade do processo eleitoral.

O plano de golpe não foi consumado por falta de apoio institucional do alto comando do Exército.

A Procuradoria também alegou que Bolsonaro estava ciente e aceitou um plano chamado "Punhal Verde e Amarelo" de membros das Forças Armadas que pedia o assassinato de Lula.

Os acusados fizeram "uma última tentativa" em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro atacaram as sedes dos poderes públicos em Brasília, "incentivados" pelo ex-presidente e seus colaboradores.

A acusação, baseada em uma investigação policial que durou mais de dois anos, está agora nas mãos do Supremo Tribunal Federal.

O presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, deve permitir que a defesa conteste a denúncia antes de analisar os argumentos das partes. O tribunal determinará então se os acusados serão processados.

Especialistas jurídicos acreditam que Bolsonaro deve responder em liberdade.

"Não vislumbro a possibilidade dele ser preso, porque não parece presente nenhum dos requisitos de uma prisão preventiva....Então, ele deve seguir a regra, que é responder o processo em liberdade", disse à AFP o advogado criminalista Leonardo Pantaleao.

F.Coineagan --NG