Nottingham Guardian - Mercosul ampliará exceções tarifárias diante da guerra comercial de Trump

Mercosul ampliará exceções tarifárias diante da guerra comercial de Trump
Mercosul ampliará exceções tarifárias diante da guerra comercial de Trump / foto: Handout - Argentinian Foreign Ministry/AFP

Mercosul ampliará exceções tarifárias diante da guerra comercial de Trump

Os chanceleres do Mercosul concordaram nesta sexta-feira (11) em ampliar temporariamente o número de produtos nacionais isentos da tarifa externa comum do bloco, em meio a um contexto internacional incerto devido à guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Tamanho do texto:

Trump abalou as regras do comércio global na semana passada ao impor altos impostos às importações de dezenas de seus parceiros, para então reduzir abruptamente essas tarifas na quarta-feira para 10% de forma universal por 90 dias, ao mesmo tempo em que elevou para 125% os impostos sobre os produtos provenientes da China.

Diante dessa conjuntura internacional "mutável e desafiadora", os ministros das Relações Exteriores do Mercosul "concordaram com a necessidade de ampliar temporariamente a Lista Nacional de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec) de cada Estado Parte para até 50 códigos tarifários", segundo comunicado divulgado após uma reunião em Buenos Aires.

O Mercado Comum do Sul, fundado em 1991 por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, possui uma Letec que varia de 0 a 35% para produtos de fora do bloco, com algumas exceções para cada país. Após a última renovação, em 2021, a Argentina e o Brasil contam com 100 códigos tarifários isentos, o Paraguai com 649 e o Uruguai com 225.

O que foi acordado nesta sexta-feira representa um aumento de 50 códigos tarifários em cada lista nacional.

Ignacio Bartesaghi, diretor do Instituto de Negócios Internacionais da Universidade Católica do Uruguai, considerou "razoável" que o Mercosul opte por essa flexibilização.

"Os países membros querem ter as ferramentas para poder negociar unilateralmente com os Estados Unidos a redução das tarifas, sem ter que chegar a um consenso entre todos neste momento difícil, especialmente dada a relação entre Brasil e Argentina", explicou Bartesaghi à AFP.

O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou no mês passado que o Mercosul só serviu para "enriquecer os industriais brasileiros" às custas dos argentinos, e reiterou que está disposto a abandonar a união aduaneira, da qual a Bolívia também faz parte desde 2023.

Na reunião desta sexta-feira em Buenos Aires, os chanceleres concordaram em "discutir a modernização" do Mercosul na reunião dos negociadores técnicos, marcada para os dias 23 e 24 de abril. O próximo encontro de chanceleres está previsto para 2 de maio.

A Argentina ocupa a presidência rotativa do Mercosul até julho, quando a entregará ao Brasil na próxima cúpula de chefes de Estado do bloco.

W.P.Walsh--NG