Nottingham Guardian - 'Estamos todos fascinados pelo mundo do trabalho sexual', diz Sean Baker

'Estamos todos fascinados pelo mundo do trabalho sexual', diz Sean Baker
'Estamos todos fascinados pelo mundo do trabalho sexual', diz Sean Baker / foto: CHRISTOPHE SIMON - AFP

'Estamos todos fascinados pelo mundo do trabalho sexual', diz Sean Baker

O diretor americano Sean Baker temia que "Anora", sua comédia ácida que fez sucesso no Festival de Cinema de Cannes, fosse muito controverso.

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Mas a resposta entusiasmada ao seu filme sobre uma jovem trabalhadora sexual (Mikey Madison) que se casa com um herdeiro imaturo revela um fascínio pela profissão mais antiga do mundo, diz ele à AFP.

"É bom e um pouco surpreendente porque parece que até agora não houve tanta divisão quanto eu pensava", afirmou o diretor, reforçando que o filme aborda "temas que são extremamente polêmicos atualmente".

"Anora" narra o relacionamento entre uma stripper de Nova York e o filho de um oligarca russo. Eles se casam por capricho em Las Vegas, o que desperta a fúria de suas famílias.

"Estamos todos fascinados pelo mundo do trabalho sexual", diz Baker, que já abordou esta temática em filmes anteriores.

Segundo ele, isto acontece em parte porque a questão "está bem na nossa frente, quer queiramos vê-la ou não".

"Não é piada, da minha cozinha eu posso literalmente ver o interior de uma casa de massagens", conta ele.

Mas o comércio sexual suscita opiniões diversas. Muitos consideram uma forma de exploração, enquanto outros acreditam que pode ser libertador, analisa o cineasta, que destaca um potencial de abordar o assunto "infinitamente".

Baker assumiu como missão mostrar personagens imperfeitos, que lidam com os mesmos problemas mundanos que todos os outros.

"Não posso simplesmente fazer — e perdoem minha expressão — uma história de 'prostituta com o coração de ouro'", afirma.

- "Explosão selvagem e profana" -

"Anora" recebeu boas críticas. A Vanity Fair chamou o file de "uma explosão selvagem e profana".

É um dos 22 filmes que concorrem à Palma de Ouro, principal prêmio do Festival de Cannes, que será anunciado no sábado (25).

Baker contou que seria seu "sonho" que Mikey Madison, que interpreta a trabalhadora sexual Ani, ganhasse o prêmio de melhor atriz.

Conhecida por "Era uma vez em... Hollywood" e a série de filmes de terror "Pânico", a atriz treinou pole dance por três meses e aperfeiçoou um sotaque nova-iorquino único.

Um prêmio em Cannes poderia impulsionar a produção a ter um lançamento mais amplo nos Estados Unidos do que a maioria dos filmes independentes.

"Disseram ao público americano 'só vá ao cinema para ver os grandes sucessos de bilheteria, você pode assistir a todo o resto na Netflix'... É uma loucura!", diz Baker.

O filme tem uma distribuidora de prestígio nos Estados Unidos, a Neon, que lançou os últimos quatro vencedores da Palma de Ouro no país.

Embora aborde uma temática similar a produções anteriores de Baker como "Tangerina" e "Projeto Flórida", "Anora" é seu filme mais humorístico até agora.

Quando um trio de bandidos chega à casa dos recém-casados, o público se prepara para uma explosão de violência, mas sua falta de destreza rapidamente leva a uma situação do tipo "Os Três Patetas".

"Ainda estou tentando explorar até onde posso ir" com a comédia, conta, enfatizando que é necessário "um equilíbrio".

"Então você tem que entregar o riso, até entregar as lágrimas", completa.

Y.Byrne--NG